Thinkers em Ação
Lucas Berlanza
Diretor Presidente do Instituto Liberal
Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, sócio honorário do Instituto Libercracia, editor do site Boletim da Liberdade e autor dos livros “Lacerda: A Virtude da Polêmica”, “Guia Bibliográfico da Nova Direita – 39 livros para compreender o fenômeno brasileiro”, “Os Fundadores – O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil” e “Introdução ao Liberalismo” (co-autor e organizador).
Instituto Liberal
O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos e não tem - nem pode ter, de acordo com seu estatuto, - qualquer vínculo político-partidário.
O Instituto Liberal é uma instituição voltada para a pesquisa, produção e divulgação de ideias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal. Na ordem liberal, você - o cidadão - é a parte mais importante da sociedade, não o governo.
Liberdade e responsabilidade - os liberais acreditam que viver com liberdade e autonomia é o melhor modo de vida. Liberdade para escolher o próprio caminho; o trabalho, as amizades, o lazer, a busca da felicidade. A única restrição a essa liberdade é o direito do outro. Mas a liberdade implica também em responsabilidade: só você é responsável por seus atos.
ENTREVISTA
Lucas Berlanza
Diretor Presidente do Instituto Liberal
27 de junho de 2022Oriana White
ENTREVISTADORA
Juliana Lotti
TRANSCRIÇÃO
1. GRANDES DESAFIOS: DEFINIR UMA AGENDA LIBERAL E CONSEGUIR RECURSOS
A gente basicamente salvou o instituto de um cenário muito complicado, lidando com a dificuldade da pandemia e com a dificuldade que por um lado é positiva, de que muitos governos estavam revisitando material humano e foi oriundo do Instituto Liberal, então a gente ficou com menos braços, então ele veio com todas essas dificuldades, mas agora, com o apoio e a presença do Salim, um conselho mais robusto, agora com os acadêmicos, conseguimos dar uma crescida, realizamos uma conferência internacional e você pode comparar para ver como a gente conseguiu crescer, o que eu fiz em 2019 com o que a gente fez agora.
Em 2019 fiz uma conferência aqui no Rio, muito em função do fato que a gente recebeu recursos para o Instituto de uns precatórios que estavam sido devidos desde os anos 90, a gente usou uma faixa de R$ 26-29.000,00 para fazer uma conferência na qual eu tive ajuda inclusive da família para conseguir fazer, foi uma conferência muito interessante, com vários convidados importantes, teve um público na faixa de 200 pessoas ao todo, presencial, foi na sede da ABI no RJ, num espaço grande e tradicional, mas tivemos um gasto de quase 29 mil para conseguir fazer essa conferência, do jeito que deu com a ajuda de voluntários e familiares.
Agora a gente fez uma conferência grande em São Paulo, com a presença de ex-presidente da Argentina e do Brasil, deve ter tido um gasto bem elevado, muito mais do que 29 mil, para ter ideia, o local foi no WTC Sheraton, então dapra perceber que a gente deu uma crescida muito boa, muito em função da volta do Salim apoiando novamente o instituto, mas também com ele você começa a glutinar novamente mantenedores e fazer esse trabalho de melhorar a governança do Instituto.
É difícil conseguir recursos e eu diria que alguns institutos que até têm uma tendência a defender agenda pro mercado, agenda da economia do mercado, os princípios que o Instituto liberal defende, vejo que alguns até têm parceria, relação amistosa conosco, vejo que alguns têm mais facilidade porque não estão claramente identificados com uma corrente de pensamento específica. Você dizer Instituto Liberal com a marca tradição que já tem, isso afasta os apoiadores.
Eu vejo que a história não era assim, havia mais disposição em apoiar o Instituto Liberal, mas isso foi se perdendo ao longo do tempo. Então acho que a marca afastou algumas pessoas.
Digo o PT quando ficou um negócio meio complicado pra nós com a popularidade do Lula, então é um instituto que perdeu essa facilidade de atrair apoiadores, então realmente a gente consegue com mais facilidade recursos para apoiar projetos do que para manter a instituição. Isso é muito difícil. Fazemos o que podemos. Não temos uma grande expertise nessa área, a gente está melhorando agora com a ajuda do Salim, ele está ajudando com essa parte de captação. Ele é o principal apoiador de todo movimento liberal brasileiro.
Transcrição Integral
TÓPICOS DA ENTREVISTA
- Uma carreira dentro do pensamento Liberal
- A necessidade de um Instituto Liberal
- Grandes desafios: Definir uma agenda liberal e conseguir recursos
- As dificuldades de ter uma ideologia clara
- Planos de retomada: Evento de 40 anos, lançamentos editoriais, selos e índices
- Política pública e uma frente parlamentar
1. UMA CARREIRA DENTRO DO PENSAMENTO LIBERAL
Eu sou formado em jornalismo pela UFRJ, na minha universidade, tentando começar minha caminhada em comunicação, encontrava um ambiente bastante hostil, por conta da agenda ideológica, da maior parte dos meus colegas e professores, encontrei o instituto liberal, na época capitaneado pelo Rodrigo Constantino e Bernardo Santoro, um espaço onde eu podia me expressar e publicar meus artigos e me tornei um colunista regular da instituição no segundo semestre de 2014.
Em 2015 tive uma experiência no instituto, profissionalmente, estagiando, site, assessor de imprensa, enviando artigos em sites, principalmente em jornais de menor circulação, jornais locais.
Na época a principal atividade do IL era dar espaço à articulistas que não tinham vez em outras esferas e que defendiam ideias ..... para se sustentar e ainda havia uma venda de livros do instituto.
Em 2016 eu saí dessa função e me tornei sócio do Boletim da Liberdade que é um site que vincula notícias de interesse do público liberal e também comecei a minha carreira de escritor, comecei a produzir meus livros, estou aí com cinco livros já e tem mais três no forno.
Em 2018 fui convidado, ainda pelo Constantino, que hoje não faz mais parte do IL, para assumir a presidência do Instituto e estou até hoje.
E tive com tudo isso a possibilidade de viajar pelo Brasil e conhecer vários estados com a formação de líderes e falar com um público diferenciado sobre a agenda liberal.
2. A NECESSIDADE DE UM INSTITUTO LIBERAL
Começou em 1983, foi iniciativa do empresário de família Canadense Donald Stewart Junior, a fundação foi 16 de janeiro de 1983.
O objetivo de fazer duas coisas: primeira – divulgação teórica do liberalismo, o propósito dele, a primeira coisa que ele percebeu que havia poucos títulos da tradição liberal estrangeira, particularmente a dos anos do século 20, em especial da escola austríaca , objetivismo.
Inclusive na escola de Chicago tinham sido publicados em português e distribuídos por um acervo brasileiro do meio universitário.
Então ele sentiu uma necessidade de instituição que realizasse essas traduções e ele mesmo, apesar de ser um empresário e não acadêmico, fez essas traduções de próprio punho, inclusive doação humana que é um clássico com mais de 1000 páginas, realizar colóquios, seminários para que essas teses fossem divulgadas.
Convidou muitas vezes lideranças da sociedade civil e até políticos para presenciarem essas palestras, esses colóquios e na época também a elaboração de materiais com proposições, baseadas nas teses gerais e projetos de lei que eram enviados para uma seleta de contatos que ele dispunha.
Com o tempo, isso durou 10-15 anos do Instituto atuando nessa área, realizava também alguns colóquios em parceria com o Liberty que a instituição estrangeira financia esse tipo de encontro e o Donald se manteve atuando nessa área durante muito tempo.
Na época, existiu o conselho nacional dos institutos liberais, vários institutos liberais similares ao IL foram surgindo nos diversos estados.
Três anos depois do IL foi fundado um instituto de estudos empresariais e tem uma abordagem diferente, o foco dele é realizar o Fórum da Liberdade, vocês devem conhecer, mas também começaram a surgir, naquela época ainda, nos anos 80 outros institutos liberais ligados ao IL.
Cada um desses institutos tinha sua própria diretoria, exercia as atividades que julgava mais adequadas à sua vocação então eram diferentes em sua atuação, mas estavam muito ligados um ao outro, graças à esse órgão, à esse conselho, uma declaração de princípios comum que foi acordado em 1988.
Bom, hoje o instituto tem uma diretoria executiva que basicamente sou eu, tem um designer e editor que ajuda na edição dos textos, do material gráfico, do site da informática, temos a assessoria do Salim Mattar, também à disposição do instituto, 2-3 assessores e uma advogada.
Somando tudo somos em 7.
Estamos reformando o estatuto agora e compreenderá além da diretoria executiva, o conselho de mantenedores que reúne os empresários que financiam a instituição maciçamente, salvo contribuições menores que são dadas via paypal.
Então teremos um conselho de mantenedores, um conselho superior que é um conselho reunindo acadêmicos que farão assessoria, consultoria acadêmica principalmente avaliando a pertinência, determinado autor merece ser traduzido, ou não, se determinada iniciativa merece ser continuada, ou não.
Eles farão assessoria acadêmica do instituto, serão de 9 a 13 acadêmicos respeitados no meio liberal e um conselho consultivo para o qual serão convidados os presidentes dos diversos institutos liberais que existem no país hoje.
Não são mais aqueles dos anos 80, são mais independentes que os outros, mas serão convidados a participar, principalmente porque o atual Presidente do conselho de mantenedores.
Na prática ele apoia grande parte dessas instituições e muitas delas estão atuando, recebendo influência do IL como uma espécie de guarda-chuva.
Eu citaria duas principais que seria o Instituto Livre Mercado que ao longo do tempo o IL foi perdendo um pouco essa característica que é típica de um Think Tank, que é a característica da proposição direta de um projeto de lei.
Pra política, pro parlamento, ele foi perdendo por falta de material humano ao longo da sua trajetória.
O que a gente continua fazendo foi publicar no nosso espaço reflexões a respeito de leis, legislações e projetos, mas enviar proposições como se fazia antigamente, isso se perdeu.
O Instituto Livre Mercado existe justamente para assessorar a frente parlamentar do livre mercado conduzir esse tipo de material, então o IL de certa maneira terceiriza isso, doando recursos para ajudar o instituto Livre Mercado.
E tem também o Instituto de Formação de Líderes que é um guarda-chuva de vários institutos iguais, em diferentes cidades do país, e tem o objetivo como o nome diz, formar lideranças inspiradas no ideal liberal.
Não posso deixar de mencionar que o IL tem seus articulistas, tem seus artigos regulares, diários, produzidos por umas 30-50 pessoas.
E fora as contribuições extemporâneas que vêm inclusive dos institutos que são nossos parceiros que produzem as suas reflexões e gostam de ver seus textos publicados no site do IL que é um lugar que eles têm no meio liberal.
É o instituto mais tradicional, com a dedicação exclusiva na divulgação teórica, ideológica e programática do liberalismo.
3. GRANDES DESAFIOS: DEFENDER UMA AGENDA LIBERAL E CONSEGUIR RECURSOS
A gente basicamente salvou o instituto de um cenário muito complicado, lidando com a dificuldade da pandemia e com a dificuldade que por um lado é positiva, de que muitos governos estavam revisitando material humano e foi oriundo do Instituto Liberal.
Então a gente ficou com menos braços, então ele veio com todas essas dificuldades, mas agora, com o apoio e a presença do Salim, um conselho mais robusto, agora com os acadêmicos, conseguimos dar uma crescida, realizamos uma conferência internacional e você pode comparar para ver como a gente conseguiu crescer, o que eu fiz em 2019 com o que a gente fez agora.
Em 2019 fiz uma conferência aqui no Rio, muito em função do fato que a gente recebeu recursos para o Instituto de uns precatórios que estavam sido devidos desde os anos 90.
A gente usou uma faixa de R$ 26-29.000,00 para fazer uma conferência na qual eu tive ajuda inclusive da família para conseguir fazer.
Foi uma conferência muito interessante, com vários convidados importantes, teve um público na faixa de 200 pessoas ao todo, presencial, foi na sede da ABI no RJ, num espaço grande e tradicional.
Mas tivemos um gasto de quase 29 mil para conseguir fazer essa conferência, do jeito que deu com a ajuda de voluntários e familiares.
Agora a gente fez uma conferência grande em São Paulo, com a presença de ex-presidente da Argentina e do Brasil, deve ter tido um gasto bem elevado, muito mais do que 29 mil, para ter ideia, o local foi no WTC Sherato.
Então dá pra perceber que a gente deu uma crescida muito boa, muito em função da volta do Salim apoiando novamente o instituto, mas também com ele você começa a glutinar novamente mantenedores e fazer esse trabalho de melhorar a governança do Instituto.
É difícil conseguir recursos e eu diria que alguns institutos que até têm uma tendência a defender agenda pro mercado, agenda da economia do mercado, os princípios que o Instituto liberal defende.
Vejo que alguns até têm parceria, relação amistosa conosco, vejo que alguns têm mais facilidade porque não estão claramente identificados com uma corrente de pensamento específica.
Você dizer Instituto Liberal com a marca tradição que já tem, isso afasta os apoiadores.
Eu vejo que a história não era assim, havia mais disposição em apoiar o Instituto Liberal, mas isso foi se perdendo ao longo do tempo.
Então acho que a marca afastou algumas pessoas.
Digo o PT quando ficou um negócio meio complicado pra nós com a popularidade do Lula, então é um instituto que perdeu essa facilidade de atrair apoiadores, então realmente a gente consegue com mais facilidade recursos para apoiar projetos do que para manter a instituição.
Isso é muito difícil. Fazemos o que podemos.
Não temos uma grande expertise nessa área, a gente está melhorando agora com a ajuda do Salim, ele está ajudando com essa parte de captação.
Ele é o principal apoiador de todo movimento liberal brasileiro.
4. AS DIFICULDADES EM TER UMA IDEOLOGIA CLARA
Eu acho, e claro o que o instituto existe para fazer, mas muitos empresários não querem estar envolvidos, ser associados à essa marca, então preferem apoiar instituições que não estejam tão claramente no seu nome já identificando o rótulo, mesmo que seja.
Agora ninguém vai querer mudar o nome do Instituto Liberal. Desde 83 a razão de ser é essa então...
Hoje no instituto liberal é pessoa física mesmo.
Os empresários preferem doar individualmente.
Tem um que doa pela empresa, os outros só pessoa física.
5. PLANOS DE RETOMADA: EVENTO DE 40 ANOS, LANÇAMENTOS EDITORIAIS, SELOS E ÍNDICES
O instituto liberal vai presidir a celebração dos seus 40 anos.
Ainda não está definido onde fazer, mas pretendemos fazer eventos grandes, lançar um livro comemorativo, tudo isso está nos planos.
Teremos mais lançamentos editoriais para fazer, temos parcerias com algumas editoras LBM, Almedina, para lançamentos, traduções que o instituto apoia, a gente está montando novamente um catálogo de livros com o selo do IL.
Antigamente o IL era uma editora, hoje não é mais.
A gente coloca o selo, a gente ajuda a fazer o livro de várias maneiras, financiando tradução, revisando, organizando livros e segue a editora com a condição de que haja o selo.
A Almedina tem esse acordo conosco.
A gente tem esse selo IL que a gente identifica livros que a gente colaborou e evidentemente tem planos de fazer em 2023 a segunda conferência em São Paulo internacional e continuar apoiando os outros institutos.
Acho que do ponto de vista do Instituto Liberal, os planos não mudam muito independentemente de quem se eleja ou qual seja o resultado do ponto de vista das atividades fundamentais. O que vai modificar evidentemente vai ser o acompanhamento que nós fazemos dos fatos, porque os fatos mudarão.
O IL cooperou com o índice de burocracia da América Latina, no último ano. Ele cooperou com a Atlas Network nesse trabalho foi o representante brasileiro.
Foi o único índice que nós montamos até agora.
Com o aumento das ocupações por conta da comemoração dos 40 anos e a entrada em operação da estrutura nova.
O conselho superior que já foi convidado, mas eles não estão atuando nesse momento. Então no mês que vem já estarão.
Então isso vai mudar em relação a esse ano.
Mas é uma continuidade do processo que está em andamento, no aumento da estrutura, não é nada completamente novo.
6. A POLÍTICA PÚBLICA E UMA FRENTE PARLAMENTAR
Isso já voltou porque a gente está apoiando o Livre Mercado.
Fica em contato constante conosco, o IL ocupa cadeira no conselho deles, é o principal mantenedor então nós temos feito essa atuação através deles.
Eu tentei promover o retorno da Revista Notas, não foi uma experiência muito bem-sucedida.
Consegui publicar uma e não mais até o momento, mas pelo menos essa interação com o ILE a gente está conseguindo agir diretamente no parlamento, tentando ajudar a assessorar os parlamentares nos projetos de lei.
Porque o Instituto Livre Mercado, não sei se já ouviram falar, a missão deles é assessorar a frente parlamentar.
O objetivo é ter uma frente parlamentar pelo livre mercado, pelo IL, tem uns 200 e pouco parlamentares e eles analisam projeto de lei. Inclusive a sede do novo IL será no mesmo prédio do ILE em Brasília.
Estamos totalmente alinhados, o instituto não desenvolveu essa parte, mas ele exerce através do parceiro, do seu apoiado, na verdade.
Muito obrigada pela entrevista!!