Thinkers em Ação

Mauro Garcia

Presidente Executivo da Brasil Audiovisual Independente - BRAVI

Diretor executivo do Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB), instituição dedicada ao desenvolvimento de ações e atividades voltadas à capacitação, pesquisas de mercado e acordos de cooperação com outros institutos no mundo.

Membro do Conselho de Administração do MISSP - Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Possui graduação em letras pela Universidade Federal do RJ.

Especialização Lato Sensu em Assessoria de Comunicação pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro (UniverCidade).

Quarenta anos de experiência na área de comunicação, destacadamente em televisão e instituições do segmento audiovisual, em empresas de grande porte e reconhecidas nacional e internacionalmente.

Bravi – Brasil Audiovisual Independente

Entidade sem fins lucrativos fundada em 1999, com o intuito de reunir e fortalecer as empresas, voltadas à produção de conteúdo para televisão e mídias digitais no mercado nacional e internacional.

Fundada como Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), passou a se chamar Brasil Audiovisual Independente (BRAVI), a partir do dia 15 de agosto de 2016.

A mudança de nome da associação deve-se ao entendimento de que o escopo de atividades da produção audiovisual independente no Brasil e no mundo hoje atua em múltiplas telas e plataformas, tendo como possibilidades a produção para mobile, web e video on demand, além dos canais de televisão aberta ou por assinatura e para cinema.

ENTREVISTA

Mauro Garcia

Presidente Executivo da Brasil Audiovisual Independente - BRAVI

junho de 2022

Oriana White

ENTREVISTADORA

Juliana Lotti

TRANSCRIÇÃO

 

A RETOMADA DAS ATIVIDADES ATRAVÉS DA CAPACITAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

Nós estamos retomando nesse período.

O que a associação promoveu para ninguém ficar parado? Capacitação!

Pelo instituto ou mesmo em parceria com outrasempresas até mesmo de fabricantes de equipamentos, promover a capacitação, desenvolvimento, para quequando esse momento agora chegasse, a gente estivesse com muitos conteúdos já desenvolvidos.

Então, a política é um entrave, ela interrompe, ela atrapalha.

Porque a política pública tem um tabu, uma lenda, de que o conteúdo brasileiro só vive porque tem dinheiro público

Não é verdade! Nem aqui, nem em lugar nenhum do mundo.

Existe fomento público, sim, mas ele é indutor, promove o capital privado, e quando ele percebe que existe uma política pública que o estado, representado pelo governo, coloca a mão nesse setor, ele também vem.

Por exemplo, você abre mão de imposto para uma fábrica de automóveis se instalar numa determinada cidade, isso é indução.

Você abriu mão? Abriu, mas o que você ganhou de emprego, para a população local, você tem retorno, geração de imposto, esse eu acho que é o papel da política pública.

Transcrição Integral


TÓPICOS DA ENTREVISTA


  1. O conceito de Think Tank na história do Audiovisual
  2. Um Think Tank em parceria com as tvs educativas
  3. Atuando em política pública sem se definir como Think Tank
  4. Trabalhando em parceria: Think Tank + setor do Audiovisual + Secretaria da Cultura
  5. Vocação para trabalhar com o coletivo
  6. Think Tank participando da formatação de editais públicos
  7. A realização de ter uma lei aprovada
  8. Grande desafio: a política
  9. A retomada das atividades através da capacitação e políticas públicas
  10. Um think tank para a manutenção da cultura brasileira
  11. Por que chamar de associação uma Think Tank?

1. O CONCEITO DE THINK TANK NA HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL


Eu vou me apresentar com a qualificação atual, eu sou o presidente executivo da Bravi - a Brasil Audiovisual Independente. Para entender o que é a Bravi, a gente tem que olhar a razão social que é Associação Brasileira das Produtoras Independentes de Televisão.

Ela nasceu em 99 e naquele momento havia necessidade de fazer um recorte entre quem produzia o cinema.

O cinema brasileiro é independente desde sempre, salvo que as 3 experiências que o Brasil teve com estúdios: Atlântida no Rio, a Cinédia no Rio e a Vera Cruz em São Paulo.

Mas de resto, nessa trajetória aí, o cinema brasileiro independente, mas na televisão não tinha esse histórico.

A televisão no Brasil, nasceu produzindo tudo que exibia e exibia a tudo o que produzia.

E no final dos anos 70, a gente tem algumas produtoras independentes. Não tinha um conceito atual, definido até pela Ancine, enfim, pela legislação vigente no Brasil, a produção independente não era a proponente nem era detentora dos seus conteúdos.

Então a produtora independente era uma produtora associada. Ainda na TV Tupi, trabalhei até antes dela fechar, em 1979, você tinha a produção, por exemplo, da produtora do Fernando Barbosa Lima, que é um importante executivo e produtor de televisão, ele produzia em conjunto com a emissora, então é mais ou menos assim.

As produtoras fazem o editorial conteúdo, mas a realização era dentro de uma emissora e o produto acabava sendo da emissora.

Então, em 99, quando a associação é fundada, já vem com esse conceito inspirado nos modelos internacionais, principalmente europeus, mas tem nos Estados Unidos também, aquele produtor que ele se encarrega de tudo, que também tem equipamento, ou ele contrata o equipamento e também é detentor do conteúdo e interage de outras formas com os canais de televisão.

Hoje, 23 anos depois, não se produz só para televisão, até porque o que que é exatamente televisão?

Então as produtoras que são associadas da Bravi, que hoje são 676, estão presentes em 21 unidades da federação, 20 estados mais o Distrito Federal, elas produzem tudo, seja para cinema, seja televisão para a plataforma, para web, enfim, não tem mais essa distinção, mas naquele momento, lá em 99 era necessário.

Eu sou o presidente executivo que a associação, em 2016 entendeu que o executivo que representaria associação não deveria ser um produtor para evitar conflitos de interesse, então, eu sou um executivo de televisão, a gente vai falar disso, principalmente na TV pública.

E a gente tem um instituto que a gente criou em 2014 para abraçar a parte de formação e a interação com academia, que é o ICAB (Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros) que ganhou bastante destaque na mídia, eu sou o diretor executivo do instituto também, foi formulador junto com as plataformas de streaming daquele benefício, aquele auxílio para os profissionais do audiovisual para todo o Brasil.

A gente desenvolveu um formato de auxílio e pôde ajudar muitas pessoas na pandemia.


2. UM THINK TANK EM PARCERIA COM AS TVS EDUCATIVAS


Como a nossa conversa vai passar por política pública, é muito curioso. Eu comecei como estagiário na TV Globo do Rio, trabalhei como eu falei, um pouquinho no final da TV Tupi e em 79, nem era SBT ainda, era TV Estúdio Silvio Santos.

Mas acho que por conta da minha formação, que sempre foi da área de humanas.

Eu fiz letras e depois psicologia e só depois eu fui fazer pós-graduação em comunicação, que é a minha área, e por isso eu me aproximei e consegui um emprego.

Eu fui convidado por uns amigos que trabalhavam na TV Estúdios e na TV Globo, para ir para a TV Educativa e aí era a minha realização, porque juntava o meu interesse pela área de educação, pela área cultural, com trabalho em televisão. Eu sempre trabalhei na programação, aí depois eu fui para dirigir a produção também.

Eu fui o único funcionário que foi diretor e depois presidente na transformação com a organização social.

Aí tem uma outra coisa que acontece, além da questão da TV pública, que no Brasil ainda é muito difícil o conceito, a não ser a política pública.

Mas a televisão pública não abraçou esse conceito como se desenvolveram na Europa em que ele tem uma ligação direta com a sociedade, como uma TV pública é muito associada ao governo, não como uma TV estatal.

E ali, na TV Educativa do Rio, eu pude desenvolver alguns projetos que eram interessantes de programação, somados com a rede pública escolar e tudo isso me permitiu que em 95, que eu já era diretor da televisão, que a gente criasse na TV educativa, a TV escola do MEC.

Era um projeto e eu tinha já experimentado isso em algum algumas vezes na vida educativa.

Eu tivesse a oportunidade de criar um canal desse porte.

E quando acabou o meu mandato de presidente, entre 98 e 2001, eu fui convidado pela TV Cultura e pelo Ministério da Cultura da época, para criar um canal educativo cultural, que chamava cultura e arte.

Ele esteve em algumas operadoras de TV por assinatura, porque ele era um canal obrigatório da Lei do cabo e aí eu vim para São Paulo, porque a TV Cultura foi a contratada para operar e a gente pôde experimentar outras formas de programação.

Eu estou falando isso tudo porque tem a ver com política pública, eu acho que isso se misturou na TV Cultura.

Eu acredito muito no gestor público que tem a ousadia de fazer um todo, mesmo com todas as dificuldades, a falta de dinheiro de sempre para a TV pública, mas os limites legais para você operar que não podem ser ultrapassados, mas a ousadia do gestor público, permite que você crie.

Na TV Cultura, quando eu propus o projeto na TV Rá-Tim-Bum, algumas pessoas que trabalhavam lá, falaram nossa, mas você criou a partir do óbvio, eu falei assim, mas o óbvio é difícil de ser percebido, o óbvio não é tão simples assim quanto parece.

E ali tinha uma lacuna nas TVs locais por assinatura de ter um canal infantil brasileiro de programação Brasileira. Hoje você tem o Gloob, por exemplo, da Globosat é um canal brasileiro, mas tem programação estrangeira, mas a TV Ra Tim Bum até hoje é referência.

Ela é de dezembro de 2004 e só continua exibindo programação Brasileira. Tinha essa lacuna, eu que penso isso no meio das minhas pesquisas e a ousadia foi criar um canal de mercado, dentro da estrutura de TV pública.

Ela está lá até hoje, tem destaque na mídia e também gera recursos, porque eu tenho um percentual das assinaturas.

Quando eu saí da TV Cultura, no final de 2010, eu trabalhei de novo na minha consultoria, eu já tinha dado consultoria antes de vir para São Paulo, na criação de canais também.

Então alguns canais brasileiros independentes têm um pouco da minha participação.


3. ATUANDO EM POLÍTICA PÚBLICA SEM SE DEFINIR COMO THINK TANK


A associação já existia desde 99.

Eu acho interessante por conta da minha experiência, porque esse trabalho da associação, que é um trabalho institucional e de colaborar muito estreitamente com a política pública, tem tudo a ver com a carreira de gestor público, é uma atuação pública no final.

Apesar de ser setorial, de trabalhar para um setor, eu participo o tempo todo nas audiências públicas, na construção das leis, em debate das leis, no aprimoramento, em qualquer esfera, tanto federal, municipal, porque é nacional.


4. TRABALHANDO EM PARCERIA: THINK TANK + SETOR DO AUDIOVISUAL + SECRETARIA DA CULTURA


A gente pesquisa, a gente pergunta dados para oferecer, inclusive para os gestores públicos do setor.

Aqui em São Paulo você tem na Secretaria de Cultura do Estado, você tem a SP Cine, que é uma empresa municipal do audiovisual, no Rio você tem a Rio Filme.

Em outros estados estão sendo criadas empresas como essas e esse é um movimento, aliás, muito interessante, porque como a gente tem essa experiência, a gente tem essa vocação nacional por conta dos associados, a gente é chamado para influir, atuar, colaborando nas políticas públicas.

E a gente tem visto nesses últimos anos um crescimento das políticas públicas locais, como estaduais e não é só nas capitais, viu?

Você tem arranjo que eles chamam, de arranjos regionais em cidades, por exemplo, como Paraná, Londrina, Niterói.

Você tem centros, em prefeituras que identificam essa vocação, não só nas capitais, então eu acho que esse é o movimento.

Eles entrelaçam os municipais, com os estaduais e com os federais, independentemente da política, é isso que é interessante.

Eu estava indo pra TV em 98 e o Jorge Cunha Lima, era o presidente aqui da Fundação Padre Anchieta, aqui da TV Cultura, e a gente chegou à conclusão que eram as 2 principais emissoras, de que a política atrapalhava porque cada estado, se não eram afinados com o governo federal, não transmitia a programação, nem de uma e de outra.

E aí a gente criou a rede pública, que era assim, vamos ver o que cada um produz, cada emissora estadual e a gente forma uma programação da rede pública numa faixa horária, com programações, o melhor de cada lugar, então a gente acabou se sobrepondo à política.

Os dois processos da rede pública, tem relatórios. Eu tenho arquivado algumas matérias de jornal, falando da criação da rede pública.


5. VOCAÇÃO PARA TRABALHAR COM O COLETIVO


Primeiro assim, até dentro do pensamento da plataforma que criaram, não dá para a gente abrir mão e subestimar a questão da vocação porque é um perfil muito específico, até na hora de recrutar profissionais para a equipe da Bravi, que é uma equipe muito mínima, nessa área do audiovisual, a maior vocação, até porque a academia forma profissionais com vocação da produção do conteúdo.

Essa tarefa institucional, política setorial, não seduz muita gente na verdade.

Você tem que identificar que você tem vocação, primeiro para trabalhar para o coletivo, abrir mão, em parte, de um individual em favor de você ter um crescimento daquele setor.

Para a sociedade, para essa atuação, você precisa estar em alguma entidade que represente o setor pra sociedade civil.

A gente tem associações de tudo, porque essas entidades, são muito relevantes até para as empresas entenderem o papel na política setorial.


6. THINK TANK PARTICIPANDO DA FORMATAÇÃO DE EDITAIS PÚBLICOS


A gente está agora com uma pesquisa dentro do grupo, que a gente estendeu até para produtoras de outras associações, que é identificar que tipo de conteúdo está sendo produzido nessa retomada, após pandemia.

Nós não temos alguns gêneros desenvolvidos no Brasil.

Então, hoje, por exemplo, o principal noticiário periódico do setor, que é a tela viva, a gente tem a notícia de que tem uma produtora que está trabalhando muito fortemente com ficção científica, isso é raridade no Brasil.

Filmes de terror também, a gente tinha filmes de terror aqui, eu lembro do Zé do caixão, um tipo muito específico de terror, mas era.

Esse levantamento que a gente está fazendo, vai permitir que a gente identifique o que falta, porque o Brasil tem muitos buracos.

A gente produziu muita comédia, que um gênero muito querido do brasileiro, desde sempre.

A gente vai oferecer para os órgãos públicos do audiovisual, então isso vai permitir que eles desenvolvam linhas, editais, de repente, para essas lacunas.


7. A REALIZAÇÃO DE TER UMA LEI APROVADA


Onde a gente tem a expansão do conteúdo só brasileiro, mesmo antes da chegada das plataformas, em 2011, a gente tem a aprovação da lei que a gente apelidou de lei da TV por assinatura, mas é a lei do Seac - Serviço de Acesso Condicional.

Porque você tem acesso à um conteúdo que você precisa ou assinar e pagar, ou você pode não pagar, mas no mínimo, tem que fazer um login, entregar os seus dados lá, então é um acesso condicionado.

Essa lei trouxe as cotas de conteúdo brasileiro independente, permitindo, com segurança jurídica, a chegada de novos e muitos canais de TV por assinatura.

E essa lei permitiu a expansão não só da multiplicação do conteúdo, a ocupação do conteúdo com grande audiência, abriu um tabu no início, que alguns grupos internacionais acharam que isso era uma intervenção na liberdade escolha.

Mas eles cometeram um erro muito básico, que é não perceber o seguinte antes da TV por assinatura, que chegou tarde no Brasil, desde 1950, com a inauguração da TV no Brasil, só tinha a produção brasileira.

O brasileiro tem uma identificação muito grande com a produção nacional, com as histórias nacionais até entrarem as produções estrangeiras.

Mesmo assim, você tem uma prevalência de conteúdo brasileiro e veja na TV aberta, mesmo os enlatados, são dublados, ou seja, eles não perceberam que o brasileiro já tinha o hábito.

Em 2006, com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D, que começaram a colocar a TV por assinatura foi lá procurar o que que estava em português, o que estava na produção Brasileira.

Então a lei vem no sentido de que a sociedade estava empurrando, impulsionando esse movimento.

Hoje é difícil achar conteúdo legendado, tem também, mas é muito mais conteúdo brasileiro, plataforma chega lá e já oferece conteúdo.


8. GRANDE DESAFIO: A POLÍTICA


Esse círculo virtuoso vinha até o final do governo Temer, quando entra um governo que não tem essa mesma sintonia com a cultura e com o audiovisual, tem um entendimento até expresso pelos gestores públicos e por algumas pessoas que representam o pensamento de quem está no governo, de que o brasileiro gosta muito mais do conteúdo estrangeiro, não valoriza o conteúdo nacional e cria um gap que somou com a pandemia.

Não haver uma continuidade de um ciclo virtuoso, voltou várias casas, mas a pandemia assegurou bastante, de certa forma neutralizou um pouco, se não acontece a pandemia, nós estaríamos muito mais para trás.

Todo o espaço que a gente vê hoje, das plataformas de conteúdo sul coreano é impressionante.

A Espanha com a instalação de um núcleo de produção da Netflix, em Madrid, deslanchou, além do norte da Europa e do México, a Argentina voltou a dar a volta por cima, apesar das dificuldades de sempre da economia, mas o audiovisual deles vai muito bem.


9. A RETOMADA DAS ATIVIDADES ATRAVÉS DA CAPACITAÇÃO


Nós estamos retomando, nesse período, o que a associação promoveu para ninguém ficar parado?

Capacitação!

Pelo instituto ou mesmo em parceria com outras empresas até mesmo de fabricantes de equipamentos, promover a capacitação, desenvolvimento, para que quando esse momento agora chegasse, a gente estivesse com muitos conteúdos já desenvolvidos.

Então, a política é um entrave, ela interrompe, ela atrapalha.

Porque a política pública tem um tabu, uma lenda, de que o conteúdo brasileiro só vive porque tem dinheiro público.

Não é verdade! Nem aqui, nem em lugar nenhum do mundo.

Existe fomento público, sim, mas ele é indutor, promove o capital privado, e quando ele percebe que existe uma política pública que o estado, representado pelo governo, coloca a mão nesse setor, ele também vem.

Por exemplo, você abre mão de imposto para uma fábrica de automóveis se instalar numa determinada cidade, isso é indução.

Você abriu mão? Abriu, mas o que você ganhou de emprego, para a população local, você tem retorno, geração de imposto, esse eu acho que é o papel da política pública.


10. UM THINK TANK PARA A MANUTENÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA


Eu acho que tem uma expansão, um crescimento, que nenhuma política vai impedir.

A cultura brasileira sobreviveu ao Collor, sobreviveu com o fechamento de todos os lugares, mesmo agora, com essa dificuldade, há um movimento ligado à economia criativa, a economia sustentável, e o audiovisual, ele é uma indústria limpa, tem uma sintonia entre o econômico e o cultural.

Tem uma simbiose importante entre o econômico na geração de emprego, geração de receita, de colaborar no PIB, na balança comercial, mas ele tem uma vocação cultural também, que é da soberania cultural, que quando a gente vê a OCDE falando para permitir a entrada do Brasil.

Mas cadê o desenvolvimento cultural?

Isso passa por propriedade intelectual.

O Brasil retém pouco das suas patentes, das suas propriedades.

Então eu acho que é irreversível, sabe?

Eu acho que a política não vai conseguir conter, porque o Brasil tem, além de produtor, tem boas histórias, bons profissionais, criadores, a gente tem mercado, isso atrai muito a economia mundial.


11. POR QUE CHAMAR DE ASSOCIAÇÃO UMA THINK TANK?

Acho melhor chamar de Associação do que essa nominação (de Think Tank).

Isso também é curioso do gestor público, vou usar um termo que talvez, enfim... narcisista.

Como a gente trabalha para o coletivo, a gente acaba sublimando um pouco o destaque individual.

Mas a gente não pode abrir mão da inspiração, de ser inspirador. Eu acho que falta o conhecimento de como ser inspirador sem ser egocêntrico, sem ser narcisista.


Muito obrigada pela entrevista!