Think Tanks: Por Onde Começar?
O Brasil possui tantos problemas atualmente, que uma das questões que Think Tanks poderiam resolver é mostrar quais problemas deveríamos começar a resolver com prioridade.
Uma das características do governo brasileiro é a tendência de deixar nossos problemas se acumularem, um atrás do outro.
Tomada de decisões não é algo ensinado em nossas universidades, com exceção do curso de Administração.
Não temos senso de urgência, pedimos mais dados e estudos em vez de resolver as questões, e com isso, os problemas vão se amontoando.
Administradores e engenheiros usam mais o termo “o ótimo é o maior inimigo do bom”, enquanto economistas e sociólogos tendem a ser perfeccionistas e procurar soluções perfeitas, sem aceitar as boas alternativas.
Hoje temos certamente 2.000 problemas não resolvidos, divididos em 50 grandes áreas, entre as quais saúde, educação, queda populacional, enfim.
E aí caímos em duas armadilhas.
Normalmente os problemas mais recentes se tornam as nossas prioridades, e não os problemas mais graves.
Para ficar num único exemplo, discutimos o teto de gastos em vez do tamanho dos gastos atuais.
Outro erro que cometemos é o de querer resolver 12 problemas de uma vez só, o que chamamos de reformas. Reforma Tributária, Reforma Administrativa etc.
Se não somos capazes de resolver um problema por vez, muito menos resolveremos 12 com uma Reforma.
O terceiro erro é selecionar os problemas que estão na superfície, à vista, ou aqueles que nos afetam hoje.
A maioria de nossos problemas atuais é consequência dos 7.000 problemas acumulados do passado.
O problema de número 7.000 na realidade é só a sequência do problema 2.700, que não foi resolvido. E que, por sua vez, é consequência do problema de número 45, lá no passado distante.
Think Tanks precisam considerar essa característica, e discutir entre si a nossa hierarquia de problemas, destrinchando esse novelo e dividindo o trabalho de reconstrução entre si.
Não há dúvida de que atacar os problemas não resolvidos no passado é uma tarefa complexa. Na realidade, o que se faz é tentar resolver 20 problemas ao mesmo tempo, e não somente 1.
Minha modesta opinião é que os problemas número 1, 2 e 3 são os mais urgentes para Think Tanks resolverem.
Tenho meus candidatos, e proponho criarmos um seminário em conjunto para discutirmos quais as questões do passado que nos afetam até hoje.
E para você, o que deve ser endereçado com prioridade?
Stephen Kanitz