Think Tanks e o Ciclo Político
Se think tanks têm pelo menos dois atributos essenciais [produzir evidências sobre temas de interesse público e difundi-las junto aos públicos-alvo na esfera pública], a depender de sua configuração nessas duas tarefas, vão atuar em diferentes estágios e arenas do ciclo político.
Alguns temas, como os regulatórios ou aqueles relacionados às mudanças relevantes de políticas já estabelecidas, o processo pode ser extremamente longo e pulverizado em diferentes âmbitos de debate e decisão. Logo, em função disso – tema, natureza da recomendação, ecossistemas de atores envolvidos, longevidade das políticas pregressas e diversos outros aspectos – think tanks precisam criar competências multifacetadas para responder às demandas dos diferentes momentos e configurações dos ciclos políticos em que almejam influenciar. Seja na formação de agenda, na especificação de alternativas, no processo de decisão sobre as alternativas em diversas instâncias e/ou durante a implementação.
Ao mesmo tempo, esses momentos são povoados por diferentes tipos de atores, que se envolvem em diferentes intensidades em cada estágio dos ciclos. Movimentos sociais, entidades de classe, corporações, opinião pública, candidatos eleitorais, lideranças partidárias, legisladores, gestores públicos e, atualmente, até influenciadores digitais podem interferir em como o processo se desdobra.
Mapear e conhecer essas características e atores, e acompanhar o andamento das movimentações de seus temas de interesse e potenciais desdobramentos é uma tarefa onerosa, mas essencial para um bom posicionamento dos think tanks em seu papel de produzir conhecimento, recomendar e influenciar.
Autora: Juliana Hauck, Especialista em Desenvolvimento Institucional e Think Tanks, PhD e Msc no Programa de pós-graduação stricto sensu do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais.
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